Em momentos de grave crise, como o que vivemos, por comodismo ou inércia de quem deve assumir as suas responsabilidades, é normal e recorrente colocar na esfera do Estado e da Administração Central todas as responsabilidades para a resolução dos problemas que afectam as populações.
Pela experiência adquirida, sou dos que acreditam nas virtudes associadas aos modelos que defendem soluções encontradas e aplicadas por parte de quem está mais próximo dos problemas, porque são mais céleres, mais eficientes e garantem uma optimização dos recursos e resultados.
Muitos dos problemas que hoje se colocam no âmbito da Acção Social são novos e têm sobretudo origem no fenómeno do desemprego, afectando pessoas que nunca pensaram estar numa situação dessas, pelo que é fundamental definir intervenções diferenciadas que respondam a estas questões e que evitem o seu agravamento.
As Autarquias Locais, no quadro das suas competências, têm a obrigação de assumir as suas responsabilidades no que concerne a encontrar respostas concretas às muitas e complexas carências, de todos quantos vêem negado o acesso aos seus direitos sociais, complementando o reconhecido trabalho que a Sociedade Civil, através das IPSS e de outras ONG, vai desenvolvendo no terreno.
A contratualização de serviços entre as Autarquias e estas Entidades é um modelo de intervenção que visa a sua capacitação, qualitativa e quantitativa, no apoio a um maior numero de pessoas, enquadrado numa lógica solidária, de valorização do papel que exercem na comunidade e não no quadro meramente assistencialista que tem presidido a estas acções.
Para tal, a dinamização das Redes Sociais e Comissões Sociais de Freguesia apresenta-se como a ferramenta fundamental para que os Municípios e seus parceiros tenham a criatividade de criar e implementar as suas próprias políticas sociais, adaptadas à especificidade de cada território, numa atitude pró-activa, com vista a tornarmos a nossa Sociedade mais inclusiva, mais justa, mais próspera e atenta aos novos e estimulantes desafios do mundo actual.
E existem excelentes exemplos a este nível, decorrentes de um trabalho partilhado e discutido entre os vários actores. Que outros possam ter a coragem de seguir esta postura a bem da comunidade.
Acima de tudo temos de estar sempre prontos para dotar todos os Homens e Mulheres, em cada comunidade, do capital de esperança que lhes permita vencer quaisquer dificuldades e encarar com optimismo os desafios da modernidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 28.01.2014