Ainda a propósito das conclusões do Relatório para as Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado e do agravamento das diferenças entre Interior e Litoral que daí decorrem, impõe-se colocar algumas questões.
Porque razão os territórios de baixa densidade populacional, com indicadores de desenvolvimento abaixo da média nacional, têm sido continuadamente discriminados quando se equaciona a realização de investimentos públicos, são os que mais sofrem com o encerramento de serviços públicos de proximidade e os que prioritariamente são identificados como alvo de medidas contrárias ao princípios da coesão territorial?
Quando é que os dirigentes do País perceberão que as regiões do Interior não são focos de problemas mas, bem pelo contrário, constituem-se como espaços de oportunidades, com recursos inimitáveis, que devem ser reconhecidos enquanto tal, através da adopção de politicas publicas específicas que os discriminem positivamente?
Muitos dos nossos problemas colectivos poderão ser resolvidos ou minimizados, se forem assumidas medidas concretas de aumento dos níveis de atractividade das regiões do Interior, de modo a captar e fixar população jovem e qualificada, promovendo a sua revitalização demográfica.
Criar um ambiente favorável ao aproveitamento das vantagens comparativas que os territórios rurais têm para oferecer, num processo de valorização das suas amenidades e das complementaridades existentes dentro de cada sub-região, surge assim como um importante factor de promoção da sua competitividade económica e social.
Este é o momento certo para demonstrar e fazer crer que a mudança para um novo paradigma de desenvolvimento, que passe das palavras aos actos, está em curso. Para tal, os quadros nacionais e regionais de aplicação dos fundos comunitários para o período 2014-2020 terão de evidenciar que o princípio da solidariedade territorial será realizado, identificando medidas concretas que diferenciem o que efectivamente é distinto.
Apesar dos constantes atropelos aos direitos dos cidadãos decorrente do facto de viverem em zonas menos prósperas, sou dos que acreditam que ainda vamos a tempo de construir um futuro mais inclusivo, do qual resultará inequivocamente mais prosperidade, mais justiça e mais igualdade entre todas as pessoas, corrigindo muitos dos erros do passado.
Conseguir tal desiderato, é um desafio colectivo que a todos deve mobilizar!
Publicado no Diário de Coimbra em 25.02.2014