Só é vencido quem desiste de lutar

25
Fev 14

Ainda a propósito das conclusões do Relatório para as Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado e do agravamento das diferenças entre Interior e Litoral que daí decorrem, impõe-se colocar algumas questões.

Porque razão os territórios de baixa densidade populacional, com indicadores de desenvolvimento abaixo da média nacional, têm sido continuadamente discriminados quando se equaciona a realização de investimentos públicos, são os que mais sofrem com o encerramento de serviços públicos de proximidade e os que prioritariamente são identificados como alvo de medidas contrárias ao princípios da coesão territorial?

Quando é que os dirigentes do País perceberão que as regiões do Interior não são focos de problemas mas, bem pelo contrário, constituem-se como espaços de oportunidades, com recursos inimitáveis, que devem ser reconhecidos enquanto tal, através da adopção de politicas publicas específicas que os discriminem positivamente?

Muitos dos nossos problemas colectivos poderão ser resolvidos ou minimizados, se forem assumidas medidas concretas de aumento dos níveis de atractividade das regiões do Interior, de modo a captar e fixar população jovem e qualificada, promovendo a sua revitalização demográfica.

Criar um ambiente favorável ao aproveitamento das vantagens comparativas que os territórios rurais têm para oferecer, num processo de valorização das suas amenidades e das complementaridades existentes dentro de cada sub-região, surge assim como um importante factor de promoção da sua competitividade económica e social.

Este é o momento certo para demonstrar e fazer crer que a mudança para um novo paradigma de desenvolvimento, que passe das palavras aos actos, está em curso. Para tal, os quadros nacionais e regionais de aplicação dos fundos comunitários para o período 2014-2020 terão de evidenciar que o princípio da solidariedade territorial será realizado, identificando medidas concretas que diferenciem o que efectivamente é distinto.

Apesar dos constantes atropelos aos direitos dos cidadãos decorrente do facto de viverem em zonas menos prósperas, sou dos que acreditam que ainda vamos a tempo de construir um futuro mais inclusivo, do qual resultará inequivocamente mais prosperidade, mais justiça e mais igualdade entre todas as pessoas, corrigindo muitos dos erros do passado.

Conseguir tal desiderato, é um desafio colectivo que a todos deve mobilizar!

 

Publicado no Diário de Coimbra em 25.02.2014

publicado por miguelventura às 20:00

11
Fev 14

Foi recentemente apresentado o Relatório das Insfraestruturas de Elevado Valor Acrescentado, no qual foram identificados 30 projectos prioritários a implementar até 2020, com apoio de fundos comunitários, os quais devem contribuir para potenciar a competitividade da economia nacional e do tecido empresarial, sem negligenciar a coesão territorial.

Contudo, esta é uma dimensão que não está suficientemente presente no documento, já que o mesmo acentua as assimetrias entre o Interior e o Litoral ao esquecer os investimentos que ainda é necessário concretizar nos territórios menos desenvolvidos e que são fundamentais para aumentar a sua capacidade de atracção e proporcionar maior qualidade de vida a quem aí ainda resiste.

A não inclusão neste estudo de vias essenciais para a Região da Beira Serra como o IC6, IC7, IC37 ou o novo traçado da EN 342 entre Lousã e o IC6, passando por Góis, Arganil e Côja, contraria o próprio Relatório quando identifica como “constrangimentos com grau de prioridade elevada, o fecho da malha da rede rodoviária”.

Estas são intervenções há muito reivindicadas por um Território desprezado em matéria de novas infraestruturas rodoviárias, as quais se constituem como as únicas vias de proximidade entre municípios vizinhos e de ligação destes aos principais eixos rodoviários nacionais, quebrando o isolamento em que se encontra.

É tempo de se fazer justiça! Este foi um território compreensivo no tempo em que os investimentos foram realizados no Litoral, onde estavam as pessoas. Agora, que se privilegia a competitividade, não podemos aceitar que os territórios rurais continuem a ser descriminados negativamente perante outras prioridades nacionais.

Na Beira Serra também existem empresas de elevada qualidade que merecem beneficiar das mesmas condições da concorrência, pois o contributo exigido para a superação da crise actual, obriga a um esforço adicional por parte dos estóicos empresários que teimam em manter a sua actividade e os postos de trabalho, num assinalável exemplo de responsabilidade social.

A solidariedade territorial impõe a existência de um nível mínimo de acessibilidades adequadas às exigências de uma Sociedade moderna, passando para os livros de História a referência a vias construídas no séc. XIX, as mesmas que ainda hoje estão ao serviço das populações desta vasta Região.  

Torna-se um imperativo mobilizar todos os agentes da Região na sensibilização do Governo para incluir estes projectos rodoviários no programa de investimentos a realizar até 2020, essencial para uma maior unidade entre os portugueses e para a construção de um País mais coeso e solidário.

 

Publicado no Diário de Coimbra em 11.02.2014

publicado por miguelventura às 20:00

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