Um estudo tornado publico há duas semanas, sobre os indicadores de convergência das regiões europeias, ao nível NUT III, dos países fundadores da zona euro, revela que das cinco mais pobres desse universo, três estão localizadas no nosso País, sendo que duas são da Região Centro, a Serra da Estrela que ostenta o ultimo lugar e o Pinhal Interior Norte (PIN), com o 5º pior desempenho medido em termos de PIB per capita.
Apesar das ajudas recebidas da União Europeia destinadas a promover a coesão territorial através da concretização dos investimentos identificados como prioritários na resolução das necessidades das regiões, não conseguimos que os níveis de convergência da riqueza face à média europeia deixassem de ser residuais naqueles territórios. A evolução, no período que decorreu desde a entrada em circulação do euro, foi mínima se comparada com o conjunto da zona em análise.
Este facto deve obrigar e motivar todos os responsáveis e os próprios cidadãos para uma reflexão sobre o que tem falhado.
Os apoios foram insuficientes? Não foram correctamente aplicados? As prioridades definidas e as estratégias seguidas foram as menos adequadas? Porque uns conseguem atingir os seus objectivos e outros não?
Contudo, o mesmo estudo salienta resultados positivos que demonstram que os portugueses conseguem ultrapassar as contrariedades. A NUT III do Pinhal Interior Sul, também na Região Centro, foi a que mais convergiu para a média europeia, de entre todas as que participaram nesta avaliação, dando um importante salto qualitativo, apesar de muito haver ainda a fazer.
O que mudou nesse território nos últimos 10 anos e não aconteceu nas regiões confinantes do PIN e Serra da Estrela?
Por certo que a revolução nas acessibilidades, provocada pela passagem da A23 (Torres Novas – Castelo Branco), complementada pela melhoria das ligações intra-municipais, aproximando estes Concelhos das regiões mais desenvolvidas, não será alheia a este desempenho.
Tal vem comprovar que as reivindicações das populações da Beira Serra e Serra das Estrela para a melhoria das suas vias rodoviárias, são mais que justas e oportunas e que este é o tempo de lhes dar cumprimento, sob pena de se hipotecar o seu futuro.
Quando decorrem os trabalhos preparatórios dos instrumentos base para a aplicação dos Fundos Europeus Estruturais de Investimento, os resultados destas avaliações devem estar presentes, de modo a introduzir correcções ao trajecto, abrindo caminho para que os resultados propostos possam vir a ser uma realidade a bem de toda a população, aproximando-a definitivamente à Europa desenvolvida.
Publicado no Diário de Coimbra em 25.03.2014