Só é vencido quem desiste de lutar

24
Mar 15

Conceitos como competitividade, inovação ou internacionalização, entraram no vocabulário de quem lida com as questões do emprego e do desenvolvimento económico e social, pela importância que o tema assume na actualidade, para mais em territórios onde a par de problemas transversais, estão enraizados outros constrangimentos que importa minimizar e erradicar.

Com efeito, sendo o desemprego um flagelo social que condiciona o futuro das sociedades, há que destacar e incentivar as medidas tomadas a nível local que se constituem como exemplos de boas práticas no estimulo ao investimento privado ou, na ausência deste, à criação de oportunidades de emprego que tendem a contribuir para a fixação da população.

Medidas promovidas por Entidades que localmente têm responsabilidades acrescidas nesta matéria, a começar pelo próprio tecido empresarial, Municípios, Associações e outros actores, que efectuam um esforço para encontrar novas soluções que visam integrar mais pessoas no mercado de trabalho, contando para tal com a colaboração de outros Organismos que, pela sua proximidade aos problemas, têm actuado em parceria e cumplicidade com quem está no terreno.

De entre os exemplos que a Beira Serra tem sido pródiga e onde os concursos de empreendedorismo são uma marca comum a todos os Concelhos, destaco duas iniciativas que demonstram que os responsáveis autárquicos não se resignam face aos desafios que lhe são colocados e cujas apostas têm resultado.

Em Góis, o Município a par de acções que tendem a estimular o investimento, por exemplo, adoptando uma politica fiscal favorável à instalação de novas empresas, teve a coragem de definir um Pacto Territorial para o Emprego, em conjunto com entidades do 3º Sector, através do qual tem facilitado a inserção de pessoas, evitando o seu êxodo e abrindo-lhes novas portas para o futuro.

É, sem duvida, uma medida promotora da inclusão, sem a qual muitas famílias teriam, por certo, um nível de vida muito mais difícil.

Fruto da maior dinâmica económica resultante da aposta de empresários locais, o Município de Tábua assumiu como prioridade da sua acção, o apoio directo ao investimento, através da ampliação e remodelação de áreas de acolhimento empresarial que actualmente são uma referência no contexto regional. Esta opção, possibilitou a instalação de empresas inovadoras, viradas para a exportação e com elevada capacidade de criação de postos de trabalho.

Hoje, Tábua ostenta o orgulho de ser o terceiro concelho do distrito em volume de exportações, apresentando números próximos do pleno emprego.

Está assim demonstrado que os territórios rurais também sabem encontrar soluções para os seus problemas, assumindo opções que, apesar de eventuais custos políticos, promovem o desenvolvimento local.

 

Publicado no Diário de Coimbra em 24.03.2015

publicado por miguelventura às 20:00

10
Mar 15

O semanário Expresso publicou um preocupante trabalho no qual revela que em 2060 o nosso País poderá ter menos 4 milhões de pessoas e em que a população com mais de 65 anos corresponderá a 40% do total, o dobro dos valores actuais, perdendo-se a sua capacidade de regeneração.

Esta evolução demográfica tem de nos fazer reflectir a todos, mas principalmente a quem tem a responsabilidade de definir politicas que tendam a minimizar os efeitos de um processo irreversível, que transporta novos e graves problemas para as sociedades do futuro, pelo que é um debate actual que não pode ser desvalorizado.

Aliás, este é um fenómeno que se vem fazendo sentir em grande parte do território nacional desde há mais de 50 anos, com as consequências negativas que representa, sendo tempo de assumir o combate ao despovoamento como uma prioridade da acção a empreender, no qual a população local tem de ter um importante papel.

Partilho alguns contributos, que não constituem novidade.

Garantir a preservação e valorização dos potencial endógeno e genuíno dos Territórios, incorporando inovação e criatividade na sua cadeia de valor ou implementar mecanismos de atracção e retenção de competências multidisciplinares e de jovens talentos, são algumas das apostas.

Por outro lado, defendo a existência de instrumentos facilitadores da integração dos imigrantes nas comunidades locais, encarando estes novos povoadores como um importante activo. Um recente estudo refere que os estrangeiros residentes em Portugal têm gastos superiores a mil milhões de euros anuais, o que é relevante para as débeis economias locais.
Definir politicas públicas coerentes com as realidades locais, apresentando respostas específicas para realidades específicas, é outro dos caminhos a trilhar, sendo fundamental a adopção de legislação que agilize e desburocratize a instalação de iniciativas de desenvolvimento. As exigências aplicadas a um território desenvolvido, não podem ser as mesmas das outras regiões.

É conhecido que 90% dos fundos comunitários serão alocados às regiões da coesão e que existirá uma discriminação positiva nos incentivos para os investimentos aí localizados. É um passo, mas quando nestas regiões ainda imperam grandes diferenças ao nível da competitividade económica e social, acrescem as dificuldades em alcançar os objectivos de reduzir as assimetrias.

A definição de envelopes financeiros específicos para a baixa densidade, aplicados com o envolvimento dos actores locais e dos cidadãos com base em estratégias amplamente participadas, poderia ser uma forma de ultrapassar estes receios.

O futuro se constrói “com” e não “para”, pelo que não há que temer as capacidades e as intenções de quem conhece, vive e sente estes Territórios e está disponível para dar o seu contributo para inverter o cenário actual, sob pena de em breve não haver quem beneficie dessas politicas.

 

Publicado no Diário de Coimbra em 10.03.2015

publicado por miguelventura às 20:00

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