A Beira Serra irá acolher nas próximas semanas os filhos que, em grande número, um dia se viram obrigados a sair em busca de melhores condições, já que as aqui disponibilizadas não respondiam às expectativas e ambições que legitimamente definiram para os seus projectos de vida.
A chegada destes conterrâneos é acompanhada da oportunidade de se estabelecer o contacto com uma visão distanciada da realidade local, importante para quem permanece nestes meios e tem a responsabilidade de identificar e implementar soluções para os constrangimentos existentes mas que não detém um afastamento suficientemente abrangente para os percepcionar.
Foi aliás neste quadro de reconhecimento da importância da opinião da diáspora que a ADIBER promoveu uma iniciativa em Lisboa, inserida no processo de concepção da estratégia de desenvolvimento para a Beira Serra, auscultando o que pensam e propõem aqueles que nunca esqueceram o seu torrão natal, ao qual se mantém ligados afectivamente, numa atitude que visa aumentar a massa critica e o poder reivindicativo de uma região onde todos somos poucos para fazer ouvir a nossa voz.
É que, apesar da evolução sentida ao nível dos indicadores de desenvolvimento, é notório que estes estão ainda muito aquém do desejável e do necessário para se tornarem atractivos para fixar a população jovem e alterar o cenário demográfico actual, marcado pelo despovoamento e envelhecimento das populações que teimam em contrariar esta tendência.
Para quem há muitos anos acompanha estas dinâmicas, é interessante sentir a mudança de paradigma e das preocupações manifestadas pelos ausentes, em que de uma lógica relacionada com questões infraestruturais e de índole material, se evoluiu para a defesa na instalação de serviços que respondam às necessidades emergentes das sociedades evoluídas, como seja a existência de uma eficaz rede de comunicações móveis e de dados que reduzam as distâncias virtuais que afectam os territórios de montanha.
O recente exemplo que envolveu várias Associações do concelho de Arganil, de que destaco a determinação da comunidade de Sobral Gordo, a que se associou o próprio Município, é elucidativo desta atitude de cooperação, já que fruto do seu empenhamento e perseverança foi encontrada uma solução criativa para a inexistência de comunicações em grande parte da Serra do Açôr, aumentando assim a sua proximidade e atractividade e o bem-estar de quem aí reside ou simplesmente a visita.
É, pois, com redobrada alegria e satisfação que se saúdam todos quantos, no seu dia-a-dia, dão o seu contributo para ajudar transformar o território da Beira Serra num espaço mais moderno e competitivo, onde as motivações para o abandonar possam fazer parte do passado.
Publicado o Diário de Coimbra em 28.07.2015