Muito se tem escrito e falado sobre a importância das acessibilidades para o desenvolvimento económico e social da regiões e para a promoção da coesão territorial.
Também é conhecida a postura assumida pela Comissão Europeia em relação ao novo ciclo de fundos. Perante os indicadores globais que o País apresenta, considerou os investimentos em infra-estruturas rodoviárias como prioridades negativas, ou seja, não há mais dinheiro europeu para novas vias de comunicação.
Contudo, não podemos deixar cair no esquecimento de que ainda existem vários territórios que pouco ou nada beneficiaram dos avultados investimentos efectuados nas últimas décadas, continuando os seus cidadãos e as suas empresas a não ter ligações condignas desse nome para as suas deslocações e escoamento das suas produções.
Enquanto cidadão da Beira Serra, não poderei deixar passar o actual momento eleitoral, para, num puro acto de cidadania, juntar a minha humilde voz à de todos quantos, legitimamente, têm reivindicado mais investimento para esta Região, no sentido de ultrapassar os constrangimentos ao seu desenvolvimento. A defesa do Interior é também um desígnio do Estado Social.
Bem sei que recentemente foram anunciados alguns milhões para a melhoria de acessibilidades na Beira Serra, mas tal sabe a pouco, a muito pouco, quando se verifica que os mesmos pretendem resolver alguns problemas, prioritários é certo, mas não estão inscritos numa lógica de fomento da aproximação de Concelhos vizinhos com fortes relações diárias e movimentos pendulares significativos que não devem ser menorizados.
Investimentos pontuais poderão colocar em causa estratégias de desenvolvimento comuns, quando ao invés de aproximar, repelem e afastam importantes parcelas desses Territórios, agravando as assimetrias já identificadas.
Para além da conclusão do I.C.6 que tem merecido um maior destaque, entendo que a beneficiação do traçado da E.N. 342 entre a Lousã, passando por Góis, Arganil, Coja, I.C.6 insere-se nessa lógica de via de proximidade e não pode ser descurada no seu todo, pelos impactos que exerce e que importa potenciar. A intervenção prevista para esta via entre Arganil e Avô/E.N. 230, só poderá ser entendida como o início da resolução global deste velho problema.
Não vivemos numa ilha, mas sim num território que quer reforçar as ligações sociais e económicas entre si e integrar novas rotas que fechem a malha rodoviária existente, como seja uma eventual ligação entre a A25 e a A13 que atravesse toda a Beira Serra, pelo que não se toleram mais adiamentos.
Que neste período eleitoral as forças políticas assumam uma postura compromisso sério e honesto para com a Região, traduzido num acto de efectiva solidariedade em favor de quem há muito (des)espera por uma nova esperança para o futuro.
Publicado no Diário de Coimbra em 22.09.2015