Só é vencido quem desiste de lutar

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A 12 de Novembro de 1995 foi assinada a Declaração da ONU que instituiu o Dia Internacional para a Tolerância, que se assinala a 16 de Novembro.

Coincidência, ou talvez não, é o facto desta decisão, através da qual os Estados subscritores reafirmam a defesa e a promoção dos direitos humanos fundamentais e da dignidade e valor da pessoa humana, ter sido formalizada em Paris, a cidade capital da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, princípios e valores que constituem actualmente a base da sociedade europeia civilizada.

A mesma Paris que, 20 anos após a assunção deste compromisso de incentivo à prática da tolerância, do respeito mútuo e da convivência pacífica entre povos vizinhos, foi palco de mais um monstruoso e repugnante acto de terrorismo, levado a efeito por grupos extremistas radicais que jamais serão capazes de aceitar regras distintas das que, inexplicavelmente, defendem.

Estes acontecimentos devem-nos obrigar a reflectir sobre o que efectivamente está a suceder no Médio Oriente, e quais as causas de uma guerra permanente que tem martirizado milhões de pessoas inocentes que, em desespero, são forçadas a abandonar os seus países para fugir à morte, não obstante nessa caminhada em busca de um futuro diferente a tenham de enfrentar, muitas vezes sem sucesso.

Sou dos que acreditam que não são estas famílias e crianças que arriscam a própria vida para fugir aos horrores da guerra, os responsáveis por estes actos.

Estas são bem-vindas e merecem o nosso caloroso acolhimento, porque são somente vítimas de um alheamento da comunidade internacional, que perante atentados na Síria, nas ruas de Beirute, na Universidade de Garissa no Quénia ou nas estâncias turísticas da Tunísia e do Egipto, tem sido incapaz de se mobilizar para alterar este cenário. Nem tão pouco se tem conseguido organizar para receber os refugiados que procuram um abrigo seguro, onde possam ter uma vida melhor.

Agora que a tragédia não respeita apenas aos outros mas está dentro da nossa própria casa, “tocam os sinos a rebate”.

É imperioso que a política assuma de novo o seu lugar, face à crescente importância da economia nos últimos anos, possibilitando a identificação de respostas conjuntas e a definição do que cada Estado pode e deve fazer para terminar rapidamente com este desastre humanitário e evitar que o mesmo se alastre para além do que já conhecemos.

É essencial que a Europa se reencontre enquanto espaço de paz e justiça, em que os valores da liberdade e da fraternidade, da solidariedade, da tolerância e da democracia, apesar de feridos no seu berço, sejam novamente o guia e o farol das Sociedades desenvolvidas e, enquadrados no pleno respeito pelas diferenças, se sobreponham e vençam a barbárie, o ódio e o desprezo pela dignidade humana.

 

Publicado no Diário de Coimbra em 17.11.2015

publicado por miguelventura às 20:00

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