Só é vencido quem desiste de lutar

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Dez 15

No Programa do XXI Governo Constitucional, mais concretamente no ponto 2. “Afirmar o “Interior” como centralidade no mercado ibérico”, inserido na sua prioridade estratégica V. “Valorizar o nosso Território”, consta o propósito de criar uma Unidade de Missão para a Valorização do Interior, tendo como responsabilidades criar, implementar e supervisionar um programa nacional para a coesão territorial.

Numa análise imediata, merece ser enaltecido o facto de, nas prioridades do novo Governo, o Interior do País, e o potencial que lhe está associado, alcançar o reconhecimento político da importância que pode, e deve, exercer no contexto da promoção da coesão do todo nacional e do contributo para o seu desenvolvimento harmonioso e sustentado.

Esta aposta traduz-se numa nova esperança para todos os que permanentemente lutam contra o esquecimento que estes Territórios têm sofrido, com os desesperantes resultados conhecidos.

Contudo, importa reflectir sobre algumas questões pertinentes que poderão ser relevantes para o sucesso desta Estrutura.

Logo à partida a que conceito de “Interior” se refere. Será o território delimitado numa determinada faixa junto à fronteira, que exclui regiões como a Beira Serra que estão geograficamente numa zona de transição? Falamos dos territórios de baixa ou muito baixa densidade populacional, incluindo os que se localizam no Litoral? Estar-se-á a referir aos territórios de cariz mais rural ou às zonas económica e socialmente mais desfavorecidas? Ou será entendido como espaços multi-dimensionais aos quais urge dar resposta?

Por outro lado, qual o verdadeiro encargo subjacente a esta nova estrutura? Limitar-se-á a produzir estudos e diagnósticos idênticos a tantos que nunca saíram da gaveta e neste caso será perfeitamente dispensável ou, pelo contrário, apresenta-se como um inovador modelo de intervenção que visa facilitar e agilizar a definição e a implementação de políticas publicas transversais que respondam com eficácia aos reais problemas com que esses Territórios se confrontam?

Exercendo esta Unidade de Missão uma acção na dependência directa do Primeiro-Ministro, acredito que não faltará força política para que os seus meritórios propósitos possam vingar, ultrapassando-se uma das crónicas dificuldades que é a que decorre da falta de escala destes Territórios em fazer ouvir as suas reivindicações junto dos decisores.

Não obstante subsistirem estas e muitas outras dúvidas, tenho forte confiança e convicção de que esta Estrutura se traduzirá num interessante mecanismo de revitalização do(s) Interior(es) como territórios de oportunidades, com activos inimitáveis e diferenciadores, que não podem mais ficar secundarizados no processo de desenvolvimento integrado do País.

 

Publicado no Diário de Coimbra em 01.12.2015

publicado por miguelventura às 20:00

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